Por que Jesus chama a Si mesmo de “Filho do Homem”?

O título “Filho do Homem” é uma das expressões mais intrigantes que Jesus usa para se referir a si mesmo nos Evangelhos. Embora possa parecer apenas uma maneira comum de se descrever, essa expressão carrega um profundo significado teológico e cultural que vale a pena explorar.

  1. Contexto Bíblico

A expressão “Filho do Homem” tem raízes no Antigo Testamento, especialmente no livro de Daniel. Em Daniel 7:13-14, é descrita uma visão de um ser que se apresenta como “um como filho de homem”, que é dado domínio, glória e um reino eterno. Este contexto aponta para uma figura messiânica e divina. Portanto, quando Jesus utiliza este título, ele está se identificando com uma expectativa messiânica profunda, que ressoa com as esperanças do povo judeu.

  1. Identificação com a Humanidade

Além da conotação messiânica, o termo “Filho do Homem” enfatiza a humanidade de Jesus. Ao se autodenominar assim, Jesus se conecta com a experiência humana. Ele experimentou todas as emoções, dores e alegrias que caracterizam a vida humana. Essa identificação é fundamental para a teologia cristã, pois sublinha a crença de que Deus se fez humano para entender e redimir a humanidade. Em Hebreus 4:15, lemos: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.”

  1. Autoridade e Julgamento

Outra razão pela qual Jesus se refere a si mesmo como Filho do Homem está ligada à sua autoridade. Em várias passagens, Ele menciona que o “Filho do Homem” tem autoridade para perdoar pecados. Por exemplo, em Marcos 2:10, Jesus diz: “Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder para perdoar pecados.” Também, em Mateus 25:31-32, Ele fala sobre o Filho do Homem voltando em glória para julgar as nações. Essa dupla função de juiz e salvador é uma parte essencial da missão de Jesus, e o título destaca essa dualidade de sua natureza.

  1. Humildade e Sofrimento

O título também carrega um elemento de humildade e sofrimento. Jesus, o Filho do Homem, veio ao mundo em condições humildes, vivendo como um simples carpinteiro e enfrentando rejeição e perseguição. Em Lucas 9:58, Ele diz: “As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” Essa declaração enfatiza sua condição vulnerável, refletindo a essência de seu ministério e a importância da humildade no seu ensinamento.

  1. Esperança Escatológica

Finalmente, o uso de “Filho do Homem” tem uma dimensão escatológica, referindo-se ao retorno de Cristo. Em passagens como Mateus 24:30, Jesus fala do “Filho do Homem” vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. Isso reforça a ideia de que Ele não é apenas uma figura histórica, mas também o Senhor que virá para restaurar todas as coisas.

  1. O Escândalo dos Fariseus

A menção de Jesus como “Filho do Homem” também gerou escândalo entre os fariseus e líderes religiosos da época. Para eles, o título evocava uma figura de majestade e autoridade divina, o que tornava inaceitável a ideia de que alguém como Jesus, um homem comum de Nazaré, pudesse reivindicar essa identidade. Ao associar-se a esse título messiânico enquanto interagia com pecadores e marginalizados, Jesus desafiava as normas religiosas e sociais estabelecidas.

Conclusão

O título “Filho do Homem” é multifacetado, refletindo tanto a humanidade quanto a divindade de Jesus. Ele conecta Jesus às profecias messiânicas, expressa sua identificação com a condição humana, revela sua autoridade e destaca a esperança futura que Ele traz. Essa expressão é uma das muitas que mostram a riqueza do caráter de Cristo e sua missão no mundo. Para os cristãos, entender este título é uma chave para aprofundar a relação com aquele que é, verdadeiramente, tanto humano quanto divino.

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